O Governo do Estado, por meio da Fundação
Catarinense de Cultura (FCC), promove, no Museu Histórico de Santa Catarina -
Palácio Cruz e Sousa, a exposição Guerra do Contestado: 100 Anos de
Memórias e Narrativas. Sob curadoria do pesquisador Fernando Romero, a
mostra foi aberta no dia 22 de outubro vai até 22 de abril de 2013 e trará um
acervo com grande quantidade de peças entre armas, fotografias,
imagens de santos e maquetes de locais e redutos do evento.
Para a montagem da exposição, a equipe de técnicos
da Diretoria de Patrimônio Cultural da FCC participou de vários estudos junto
aos sítios históricos. Foram visitados os municípios de Irani, Taquaruçu
(distrito de Fraiburgo), Três Barras, Porto União, Matos Costa, Calmon, Lebon
Régis, além dos museus, arquivos e coleções nas cidades de Irani, Curitibanos,
Campos Novos, Mafra, Lages, Porto União, Caçador, Matos Costa e Lebon Régis.
O objetivo foi buscar subsídios para a construção
das exposições temáticas, além de estabelecer contato com os agentes culturais.
“Outra questão de suma importância, foi poder identificar a situação dos sítios
históricos com vistas a desenvolver um processo integrado de conservação desses
patrimônios culturais”, explica o presidente da FCC, Joceli de Souza. “Esse é
um importante episódio da história brasileira, desconhecido da grande maioria
da população”, completa.
Sobre a Guerra do Contestado - A Guerra do Contestado colocou em
evidência, pela primeira vez no Brasil, temas fundamentais do mundo
contemporâneo: a ecologia, a liberdade religiosa, a posse da terra e a
contestação de relações sociais arcaicas em pleno século XX. Teve grande
influência nos rumos tomados pela sociedade catarinense no presente e deixou
cicatrizes que até hoje reclamam nossa consideração.
Entre os anos de 1912 e 1916, a região do
Contestado, cujo território era alvo de disputas entre os estados de Santa
Catarina e Paraná, foi palco de um dos mais sangrentos episódios da história do
Brasil. Juntou-se à questão das fronteiras a eclosão de um surto messiânico
influenciado pelo grande número de pessoas sem terras e sem emprego na região.
Eram ex-camponeses, expulsos de suas terras para a implantação de uma
madeireira, e ex-operários da estrada de ferro Brazil Railway, que trabalharam
na construção e se viram sem trabalho com o fim do empreendimento.
Nesse cenário, surgiram profetas e monjes pregando
ideais de justiça, paz e comunhão, indo de encontro ao autoritarismo e à ordem
republicana vigentes. Preocupados com o crescimento do movimento popular, os
governos estadual e federal começaram a agir contra a comunidade, com o envio
de tropas militares para a região. Os sertanejos resistiram à ação da
artilharia pesada do exército até 1916, quando aviões foram usados para acabar
com o movimento, causando a morte de milhares de pessoas.
Desde então, a Guerra foi narrada de diversas
formas pelos diferentes personagens que dela tomaram parte e por aqueles que
refletiram sobre ela posteriormente. Analisar essas narrativas é uma forma de
recontar essa história com a perspectiva do presente. Recordar as marcas,
reavivar as memórias, mostrar os lugares que lembram esse passado deve
contribuir para analisarmos com outros olhos o nosso tempo atual e ver que
muitos dos temas trazidos pelos rebeldes do Contestado continuam tão vivos como
há 100 anos.
Acervo – O acervo colocado à disposição do público
durante a exposição estará dividido em quatro salas temáticas. A intenção não é
contar a história do conflito, mas mostrar as diferentes versões e olhares
sobre o episódio.
No primeiro espaço, utensílios do dia-a-dia dos
caboclos estarão à mostra. São objetos como chaleira, panela, lampião, bruaca
(usada para transporte de grãos, erva-mate e outros mantimentos), machado e
serra.
Na segunda sala, estarão expostas as armas usadas
nas batalhas. De um lado, os facões dos sertanejos e, de outro, fuzis e
projéteis do exército.
Em seguida, é a vez das obras que retratam os
redutos e conflitos da guerra, em quadros de Déa Catharina Haichmann e Hassis
que compõem a sala 3. No mesmo espaço, estarão expostas maquetes que reproduzem
algumas das batalhas travadas durante a guerra e os redutos onde os caboclos
viviam.
Na quarta e última sala, o público poderá conferir
mapas históricos e o acordo de limites que findou a guerra e estabeleceu as
fronteiras entre Paraná e Santa Catarina, em 20 de outubro de 1916. Haverá,
ainda, o álbum de viagem do então presidente do Estado, Adolpho Konder, de
1929, que retrata a primeira visita de um governante de Santa Catarina ao
Oeste. Essa viagem teve o caráter de cruzada, com a intenção de “ocupar” e
“civilizar” a região.
A FCC trabalhou com apoio de museus, universidades,
municípios, fundações e outras entidades para a reunião do acervo exposto.
Entre os colaboradores que cederam temporariamente algumas das peças estão o
Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado (Caçador), Museu
Josette Dambroski (Matos Costa), Grupo Resgate (Calmon), Universidade do
Contestado (Mafra), Museu Thiago de Castro (Lages), Prefeitura de Mafra,
Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e Fundação Hassis
(Florianópolis), além do próprio Museu Histórico de Santa Catarina.
Serviço
O quê: Exposição Guerra do Contestado: 100 Anos de Memórias e
Narrativas
Onde: Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio
Cruz e Sousa (Praça XV de Novembro, 227 - Centro-Florianópolis/SC)
Quando: de 22/10/2012 a 22/04/2013.
Visitação: de terça a sexta-feira, das 10h às 18h.
Sábados e domingos, das 10h às 16h.
Informações: (48) 3028-8090
Entrada gratuita
FONTE: Assessoria de Comunicação da FCC