Museu Histórico Thiago de Castro - R Benjamin Constant, esq. R Hercílio Luz, Centro - CEP 88501-110 - Lages/SC - Fone: (49) 3222-7603
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domingo, 20 de julho de 2008

ACERVO DO MUSEU HISTÓRICO THIAGO DE CASTRO

O acervo do museu é eclético, composto de objetos, móveis, vestuário, pinacoteca, biblioteca e pelo conjunto dos acervos iconográfico, cartográfico, audiovisual, hemerográfico e documental.

ACERVO DE PEÇAS

Setor Religioso - peças religiosas como capelinhas de madeiras, imagens, material religioso, fazedor de hóstias, fotos e outros artefatos de diversas épocas.
Setor Arquitetônico - peças variadas, tais como pedaços de paredes de estuque, tijolos, telhas, vidros de janelas, portais antigos, pregos, estacas, chaves, fechaduras e outros.
Setor de comunicações - rádios de diferentes épocas, televisões, máquinas de calcular, máquinas de escrever, gramofones, vitrolas, discos, partituras, telefones antigos de várias épocas.
Setor de Mobiliários - móveis, mesas, cômodas, mesas de canto.
Setor de Numismática - coleções de moedas, cédulas, recibos, selos e outros.
Setor de Vestuário - roupa, echarpes, espartilhos, casacos, luvas, chapéus, adereços, bordados, entre outros.
Setor de Guerras - capacetes, armas, granadas, balas, morteiros, lanças, espadas.

























ACERVO FOTOGRÁFICO

Este acervo encontra-se em catalogação, estando já devidamente separado, pronto para ser convenientemente acondicionado em estruturas de suportes adequados para seu fim.
- aproximadamente 3.000 fotos, retratando os mais diversos setores, sociais, políticos, econômicos, ensino, campanhas, guerras, eventos, cotidiano, artístico, familiar.










A biblioteca do Museu Histórico Thiago de Castro é composta de um acervo eclético e temporalmente bastante variado, com aproximadamente 4.000 títulos entre livros, periódicos e folhetos. As obras estão divididas em categorias que variam de especialidades, como por exemplo: Religião, Direito, Medicina, Política, Dicionários, Literatura, Teatro, etc.
Destacam-se as categorias de História Geral, História de Santa Catarina, História de Lages, Coleção de Leis do Império, Artes, Biografias e uma categoria específica de Arquivos e Museus.
Conta também com uma coleção de revistas com aproximadamente 2.500 unidades, desde o século passado.
Todas as obras estão disponíveis ao público geral durante o horário de atendimento. Referente aos empréstimos de obras, o MHTC não disponibiliza essa possibilidade, sendo o acesso às obras restrito a consulta interna.

BIBLIOTECA















O acervo documental do Museu Thiago de Castro é de considerável amplitude, possui cerca de 8 mil documentos que abrange os séculos XVIII ao XX. Os documentos são de várias tipologias como:
- escrituras de propriedades da região - fazendas (séculos XVIII e XIX);
- documentos de venda e compra de propriedades rurais;
- ofícios, correspondências e documentos burocráticos da administração estadual e municipal (séculos XIX e XX);
- livros de movimentação do comércio em Lages (séculos XIX e XX);
- sisas de bens de raiz, documentos referente à cobrança de impostos, documentos referentes aos tropeiros (século XIX);
- documentação de caráter cultural, referente às sociedades recreativas e aos grupos dramáticos (teatro) em Lages;
- documentos sobre música, cartas, certidões, e convites de ordem pessoal, pertencente a várias famílias tradicionais de Lages;
- mapas demográficos que demonstram a movimentação da população de Lages (século XIX);
- documentos referentes à medicina e médicos de Lages e região (séculos XIX e XX);
- documentos da justiça eleitoral que contém o local de votação e o nome do eleitor, de Lages e região (século XIX);
- documentos referentes à escravatura em Lages e documentos referentes à religião, que juntos somam um total aproximado de 10 mil documentos.
O arquivo também disponibiliza um acervo de jornais bastante vasto, possuindo os primeiros exemplares publicados pela imprensa de Lages, datados de 1883, e outros exemplares de jornais do Estado de Santa Catarina e outros estados brasileiros.
Encontram-se também no arquivo do Museu Histórico Thiago de Castro:
- acervo cartográfico com aproximadamente 105 mapas e plantas;
- acervo de revistas com 4.222 exemplares de diversos períodos, sendo um dos destaques a coleção de revista “O Malho” datado de 1907;
- acervo iconográfico com 3.300 imagens;
- acervo de panfletos e folhetos de caráter artístico, cultural e político, com 1.239 exemplares;
- acervo sonoro com 1.500 discos.
Todo material existente no arquivo está disponibilizado para pesquisa de qualquer nível escolar e acadêmico, nos horários de atendimento.
ACERVO DOCUMENTAL

A CRIAÇÃO DO MUSEU HISTÓRICO THIAGO DE CASTRO


Lages – Adormecida no inverno de 1902
(vista da Praça da Catedral para a Rua Nereu Ramos)

A história da criação do Museu Histórico Thiago de Castro se confunde com a história de Lages. Seu idealizador, DANILO THIAGO DE CASTRO, começou esta tarefa em 1937, com apenas 17 anos, coletando pedras e alguns animais conservados em formol, ninhos de passarinho e outros utensílios. O tempo foi passando, e o que no início era somente brincadeira foi se consolidando, e acabou criando uma pequena coleção de alguns objetos e fotos. Daí em diante o desejo de juntar tudo isto em local apropriado foi se tornando cada vez mais imperioso e necessário, porém ainda não possível.

Em 1943, aos 26 anos de idade, Danilo fundou oficialmente o Museu Histórico Manoel Thiago de Castro.











Solenidade de Inauguração

No ano de 1948, o museu recebe a visita oficial de uma comissão da Câmara Municipal de Lages, quando as instalações ainda eram em um quarto na residência particular do Sr. Danilo.


Em 09 de junho de 1960 o Prefeito Municipal de Lages, Vidal Ramos Junior, declara o Museu Histórico Particular Thiago de Castro de Utilidade Pública, conforme Lei Municipal de nº 281.
Em 22 de maio de 1960 é oficialmente aberto ao público, em uma exposição realizada no Clube 14 de Junho em Lages, com a presença de autoridades e convidados, chegando ao total de 4.224 visitantes em apenas uma semana. Porém, tudo isto ainda era só o inicio, havia a necessidade de espaço para abrigar o ainda pequeno, mas precioso acervo. A luta apenas começava.

































No dia 06 de janeiro de 1962 o Museu Histórico é aberto ao público em prédio de propriedade particular, sem cobrar entrada, e o acervo do museu foi sendo mantido com recursos próprios, servindo à comunidade como faz até a atualidade. Naquele período as dificuldades foram se somando por falta de espaço e falta de mão de obra especializada para o trabalho operacional e técnico, que eram realizados de forma empírica e amadora.
Em 1981 o museu fecha suas portas, assim permanecendo até 1984, quando foi novamente aberto ao público.
Durante todos estes anos grande parte do acervo foi sendo adquirida com recursos próprios, outro tanto com doações ou coletas, a maioria delas de pessoas que iriam jogar fora estes materiais, e que Danilo ia buscar impedindo sua destruição, e deste modo fazendo com que este amontoado de “lixo” resultasse em um precioso acervo histórico.

Vista da sede do Museu Histórico de 1962 a 1996

No ano de 1993, novamente o Museu Histórico Thiago de Castro fecha suas portas até dezembro de 1996.
Em 1996 foi disponibilizado pela Prefeitura de Lages um espaço mais adequado para abrigar o acervo, passando o museu a ocupar o andar térreo do prédio onde funcionava o Fórum Nereu Ramos, após sofrer uma ampla reforma.
Vista da atual sede do Museu
Hoje a questão de acomodação física está relativamente resolvida, ainda há necessidade de mais espaço, mas nada crítico e que pequenos ajustes não resolvam os problemas mais imediatos.

Cada etapa é um novo desafio, pois, se resolvidos os problemas de ordem estrutural, ainda persistem os desafios com relação à conservação, preservação e guarda deste precioso acervo histórico.
Durante todos estes anos o museu recebeu oficialmente alguns ilustres visitantes, como os representantes da Câmara Municipal de Lages em 1948, o Governador Celso Ramos em 1962 e o Governador Esperidião Amin Helou Filho, em 1986.
Considerado hoje um dos maiores patrimônios Históricos de Santa Catarina, durante os seus 71 anos de existência esta entidade não cobrou nada pelos seus serviços como a visitação, pesquisa, levantamentos técnicos e tantos mais.
Com a organização deste acervo, ele passa a exercer o papel fundamental a que se destina, como fonte de informação e cultura para os cidadãos conhecerem suas origens e sua história.

FUNDADOR DO MHTC

O Museu Histórico Thiago de Castro é resultado de um sonho que se estruturou como objetivo de vida de seu idealizador, Danilo Thiago de Castro. Essa trajetória teve início em 1937, quando Danilo ainda era bastante jovem, mas já entusiasmado com a possibilidade de “guardar a memória” da cidade de Lages. Procurava, adquiria e guardava tudo aquilo que, para seu entendimento era referência de um modo de ser do passado, e que poderia servir para as futuras gerações terem como referência de como era o cotidiano de outrora.

Nessa caminhada, em 1943 Danilo funda, num quarto de sua residência particular, o “Museu Histórico Thiago de Castro”. Ainda que de maneira modesta, o “quarto-museu” já apresentava uma coleção considerável de caráter histórico, onde, entre fotografias, objetos e documentos, começava a esboçar a exposição de um dos maiores acervos históricos particulares de Santa Catarina.

No ano de 1948 uma comissão da Câmara de Lages prestigia a coleção do Sr. Danilo em visita ao “quarto-museu”, momento em que são registradas algumas impressões sobre o acervo demonstrando sua relevância para a cidade de Lages. Anos depois da visita dessa comitiva, o Museu é oficialmente criado através da Lei 281 de 9 de Junho de 1960, decretada pela Câmara do Município de Lages e sancionada pelo prefeito da legislatura vigente. Desde então o Museu fica aberto ao público, instalando-se posteriormente, em 1996, até os dias atuais, no andar térreo do prédio onde funcionou por décadas o Fórum de Lages. Suas instalações mantêm-se abertas ao público em geral para visitação, nas exposições, para pesquisa no arquivo e biblioteca, e atividades culturais relacionadas à memória e história de Lages.

O acervo do Museu Histórico Thiago de Castro em sua grande maioria foi resultado da busca e guarda do Sr. Danilo Thiago de Castro, que já em sua adolescência demonstrou-se interessado por colecionar coisas. Com o tempo, no lugar de perder o interesse pelas coleções, foi refinando ainda mais seus anseios e preocupações quanto ao ato de “guardar”, e dessa forma, o Sr. Danilo passa a ser conhecido na cidade como “catador de lixo”, pois saía pelas ruas da cidade com seu velho saco de estopa a procura de objetos, peças, documentos, fotografias, para formar sua coleção de “coisas antigas”.

Assim, o acervo foi se construindo entre achados e perdidos. Achados, quando Sr. Danilo caminhava pela cidade e encontrava nas lixeiras exemplares de jornais antigos, utensílios “velhos”, e sem pensar muito colocava em seu saco de estopa e levava para casa. Perdidos, porque o Sr. Danilo não apenas circulava nas ruas de Lages em busca de indícios do passado, mas também batia de porta em porta, na casa de amigos e conhecidos no desejo de encontrar mais preciosidades para sua coleção de “coisas antigas”. Batia nas portas, e como já era conhecido na cidade, era sempre recepcionado e convidado a dar uma olhada nas “velharias” que cada um guardava. Foi nesse processo de dedicação do Sr. Danilo e confiança de uma população que lhe confiava a guarda de sua memória, que o acervo do Museu foi se constituindo. Hoje o Museu dispõe de um procedimento de doação com fichas e regulamentações para todo material que é recebido.

O Museu e Danilo Thiago de Castro, seu idealizador e fundador, caminharam juntos por quase 70 anos preservando um dos maiores acervos em Santa Catarina. Esta história de persistência e abnegação nos dá a convicção que o trabalho de Danilo Thiago de Castro foi grandioso, merecedor de respeito e admiração, por ter impedido o tempo de destruir parcela considerável do registro de nossos traços culturais, nossas origens e de nossa gente.

“... essa vida que eu quero. Se tivesse mais 100 anos, era 100 anos que eu tava aqui dentro. Tranqüilamente, sinceramente. Por isso que os ditados populares são verdadeiras leis né, dizem. Tem um que eu gosto muito: ‘De músico, de poeta e de louco cada um tem um pouco’. Graças ao bom Deus o louco da cidade fui eu, juntava coisarada velha,
tão bom!”

Danilo Thiago de Castro

*02/12/1919

+29/04/2006